A porta entreaberta e eu desespero, sempre à sua espera, no quarto singelo à meia luz.
Escuto um eco... Será sua voz...?
Olho o relógio e a hora me diz, talvez não virás. O tic-tac não pára e eu que tanto desejo, por que tem correr...? Por que não páras relógio...?
Ó que ingrato, a incitar-me a ansiedade...
E tu que não chegas...!
O tic-tac, tic-tac, não pára…
Ouço ruídos, penso: É ele...! Corro à janela, mas é ilusão...
Minhas mãos se corroem de tanto se entrelaçarem. Meus olhos lacrimejam e meu coração acelera, arrìtcamente.
Ó tempo... Por que não páras...?
Vede, estou um trapo... Quase um farrapo de tão ansiosa.
Vede... És o indício de que ele não virá.
Hora ingrata, tu passas ligeiro feito um cometa.
E o tic-tac a me perturbar, dizendo-me, é hora de ir-se deitar.
Relógio... Relógio... Por que não páras...?
És meu algoz, da incerteza, da espera.
E o tic-tac, acompanha-me, ensurdecedor e sem misericórdia, aos meus ouvidos.
Tento esquece-lo. Eliminá-lo. Mas, fixou-se no tímpano.
Ando de um lado a outro e a espera continua, o mundo silencia e o relógio insiste no seu tic-tac.
O coração acelera... Minh’alma dói e ele não vem.
E o relógio, ali, frente a mim, fixando-me. Parado, feito um carrasco, esperando meu corpo cair ao relento.
A lua se vai, lentamente e eu à janela, espraiando, imagino um vulto enxergar por entre as árvores, um vulto dourado, banhado com cores do luar, vai se chegando... chegando...
Ahh...!
Que bom...!
É ele...
Ele mesmo...!
Ahh...
E o tic-tac parou.
Até que enfim.
Pétala Suave...