quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

NOS BRAÇOS DO MEU ADÃO...



NOS BRAÇOS DO MEU ADÃO

 Nas minhas noites de frio, 

um cobertor de orelhas, me cairia tão bem...
 Faria sentir-me criança

aconchegada num colo, 

onde dengosa eu dormisse.
          Nas minhas noites de frio, 

uma costela de Adão me aqueceria o corpo,

fazendo-me sentir como uma única mulher vivente,

num esplendoroso paraíso... 

Talvez eu fosse uma Eva.
          Contudo, 

nas minhas noites de frio, 

não posso ser uma Eva 

porque não tenho um Adão para aquecer-me do frio 

e proteger-me do medo.
          Encolho-me sob os lençóis, 

destarte são minhas noites

na solidão do meu quarto 

que bem podia ser um paraíso, 

se aqui eu tivesse um Adão.
          Assim... 

Apago a luz... 

E sob os lençóis, 

fecho os olhos e adormeço, 

pensando que vou sonhar com uma noite de frio, 

feliz porque sou uma Eva 

nos braços do meu Adão.







quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

NEM TUDO QUE BRILHA É ESTRELA...

NEM TUDO QUE BRILHA É ESTRELA...



NEM TUDO QUE BRILHA É ESTRELA...

          Tantos anos passados e a história continua viva na memória e eu sempre dizendo:  - “É passado...!”.
      Querendo, veementemente, acreditar que o passado não existe. Porém, hoje, concluo que ele não morreu, porque a todo o momento, recapitula-se, tenebrosamente, capítulos na mente que funciona como uma tela de cinema.

          Caso como encerrado... Passado literalmente enterrado... No entanto,  descubro que não fui capaz de enterrar fatos que marcaram minha ignóbil história... Encerrar jamais será  sepultar. Uma história dramática, ora triste... Ora engraçada... Ou, por que não, inacreditável, e após anos e anos, ressuscita vivamente, materializadamente, enquanto que eu, fragilizadamente, reconheço que incompetentemente, não fui capaz de  apagá-la, riscá-la, dizimá-la ou, simplesmente, como dizem os cômicos “Passar a régua”.

          Uma vez vivida, a história não morre e contrariamente, segue o mesmo percurso, acrescentando-se a cada novo dia, um novo capítulo, aprimorando o Livro da Vida.

          Dizer-se: - “Não guardo mágoas” ou “Não tenho ressentimentos”, é fácil... Esquecer, porém, é que não depende de nós, porque é quando descobre-se a intensidade da nossa fragilidade diante do querer e do poder. 
Queima-se o livro, mas a história permanece viva, porque ela é vida... Mudamos de endereço, mas ela nos acompanha... Fechamos os olhos e a vemos, nitidamente, à nossa frente... Dormimos com a certeza de que despertaremos num novo dia e ao despertar percebemos que um novo capítulo está nascendo e parece não haver epílogo.

          Não determinamos o nosso destino. O máximo que podemos fazer, é monitorá-lo, reeditá-lo. Se fossemos capazes de ditá-lo, jamais pisaríamos em espinhos e nunca nos depararíamos com barreiras quase, ou muitas vezes, intransponíveis.

          Se fossemos capazes de controlá-lo, nossos caminhos seriam sempre ajardinados com rosas coloridas e perfumadas. A dor não nos subjugaria, as lágrimas não molhariam nossas faces e a vida seria uma bela sonata que tocaria permanentemente.  
          Portanto, não se foge do destino... Quanto mais nos escondemos, mais ele nos persegue.

          A vida é uma sentença e temos que cumpri-la como determina a Lei Maior.

 Pétala Suave...

domingo, 23 de janeiro de 2011

ENCONTRO COM O MAR - MEUS POEMAS





ENCONTRO COM O MAR

          Caminhava lentamente na orla da praia.

          Vestido de organza branco, semi-transparente, bem leve e solto, longo decote de alças finas, deixando à mostra a pele sedosa e bronzeada. E com os cabelos negros e esvoaçantes.
          Caminhava sentindo a delícia da brisa suave do mar, ouvindo as ondas a tocarem a melodia da solidão.
          Gaivotas saudavam a bela manhã de domingo e eu, ali, mais uma vez, a cumprir o meu ritual.
          Pés descalços, tocavam levemente as águas trazidas pelas ondas, enquanto adentrava-me devagarinho, banhando-me completamente e despreocupada não percebia que o vestido ao molhar-se, colava-se ao meu corpo, tornando-se, cada vez mais, transparente.

         Que delícia...!

          Falava baixinho, comigo mesma, como a agradecer àquele bálsamo que me inebriava, entregando-me submissa, mergulhando como se fora uma pequena pétala levada pelo vento.

          Mergulhava encantada e depois  sacudia os cabelos molhados.

          Huumm... Que delícia... Que bálsamo...

          Sensação de liberdade que, talvez, somente as gaivotas voando alto, percorrendo os oceanos são capazes de sentir.

          Ah... Que delícia...!

          E mais uma calma onda banhava-me o corpo, selando o meu encontro com o mar.
          Olhava para os lados percebendo que eu estava sozinha e voltava a sentir o mar a banhar-me carinhosamente.

          Indagando silenciosamente... - E se o relógio parasse...? Eternizaria o tempo...!

          Num último mergulho, deixei  cair das mãos uma pequena garrafa, nela contida um pequeno bilhete escrito em cunho: - “A ti, amor distante e desconhecido, esta pétala de rosa, suave e perfumada, com a essência do meu ser”.
          No centro da pétala, a inscrição:

        “AMOR”....

          E assim, cumprido o último ato do meu ritual dominical, afastei-me, despedindo-me do mar e sentei-me à beira da praia, sentindo a leveza do vestido completamente molhado, os cabelos escorrendo a banhar-me o corpo e inerte, buscava perceber, ao longe, qual seria o rumo da garrafinha que havia sido levada pelas ondas para bem longe.

          Agora, vencida, caí ao relento, enquanto pensava: “... Como gostaria de ser aquela garrafinha, a fim de que eu pudesse sentir o calor de todos os mares...”.

          Adormeci e as gaivotas felizes sobrevoavam o meu corpo, como que a velar os meus sonhos.

Pétala Suave... 
         

domingo, 16 de janeiro de 2011

EU E MEUS POEMAS

PERDI A MEADA DO CAMINHO


PERDI A MEADA DO CAMINHO

A poesia  brota do meu ser
e da lágrima do meu coracão que chora
Chora...
Encolho-me no meu canto 
para esconder no peito o pranto 
que em lágrimas banha a minh,alma
ora triste...
Como decifrar a fórmula mágica 
que desencanta a magia do amor
enquanto que 
milhões de pessoas 
perambulam pelas estradas
e ninguém ouve 
o canto da minha dor...
Perdi a meada do caminho 
no rumo da estrada estreita
e aqui...
Sózinha...
Sinto a dor no meu peito
e assim...
Caio em meu leito
Triste...
Triste...

Pétala Suave

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

PIRÂMIDE SOCIAL



PIRÂMIDE SOCIAL

          SOCIEDADE ORGANIZADA...

          Que organizada, onde se imperam todos os tipos de desigualdades sociais...? 
          Caminhando matinalmente, exatamente na hora em que o Sol nasce para todos, observo muitas pessoas indo e vindo, no entanto, há um detalhe que acho imprescindível, por que essas pessoas não se cumprimentam “BOM DIA!” e sempre que vamos cumprimentá-las, baixam a cabeça para ignorar-nos.
          E este é um dos menores exemplos que tenho para questionar, que sociedade organizada...?
          Diz a Sociologia que o Homem é “Um Ser Social”, que social...?
          Há preceitos determinantes, para que alguém seja seu participante, como, ter castelo de ouro, roupas douradas, capital monetário, etc. e em último lugar, que deveria ser o primeiro, cultura.
          A cultura, sim, pode fazer a diferença, porém, nunca a desigualdade.
          Hobbes disse que a sociedade era uma “sociedade de LOBOS CONTRA LOBOS”, depois vieram outros pensadores, com novas teorias, como John Loock, e afirmaram que ele (Hobbes) estava ultrapassado, será mesmo...?
          Vivemos numa sociedade em que, para se cumprimentar alguém, é preciso fazer-se uma seleção de valores.

          É essa a SOCIEDADE ORGANIZADA...?

          Pois é nela em que vivo, num castelo de areia, submetes-se a ser meu amigo...?
          O meu castelo é de areia e não trago ouro ou fortuna.

          Por que ris...?

          Acaso pensais que sou “um caso isolado”...? Não, meu amigo, são bilhões de pessoas nesse mesmo barco. Um barco sem leme, mas em que, cada um pega o seu remo e vai remando...
          Remando...
          Quem sabe um dia esse barco alcançará o ápice da “Pirâmide Social”.
          Quem sabe...
          

          Pétala Suave...



quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A NOITE É MINHA



A NOITE É MINHA

          Ó noite... Ó noite...
          Na solidão do meu quarto estou inquieta vagando, tentando adormecer.
          Revolvo meu corpo na cama, não há espaço prá ele, por tanta inquietação.
          Sinto o frio tocar-me e ponho-me sob os lençóis.
          Ó noite... Ó noite...
          Acendo o abajur e vou até à janela olhando o céu pouco estrelado.
          Detenho-me olhando o velho relógio e vejo, com toda certeza, que a hora não passa nunca.
          Volto prá cama de novo, me encolho sob os lençóis, em vão... Em vão... Eu não durmo.
          Tento rezar um pouquinho e tenho uma intuição: “- pegar papel e um lápis”. Depois eu fecho meus olhos querendo advinhar o que deverei escrever.
          Os pensamentos são muitos mais as palavras me fogem. Parece até um complô do tempo ou da natureza.
          Concentro-me nos pensamentos querendo ordená-los nas frases certas, depois eu descubro: “Como é difícil escrever...”.
          Busco... Busco as frases e elas se perdem de mim.
          Como eu queria ter o dom de escrever meu próprio diário... Registrar detalhes da minha intimidade, as alegrias, as tristezas, os desejos, os sonhos, as inquietações...
          Mais as palavras me fogem, desordenando as frases.
          Numa noite sem sono, com um lápis e um papel, o tempo certamente, não haveria de ser perdido.
          Lá fora chove e o frio me vence.
          Ah... O computador... Sim que pena... À essas horas o universo da net também está dormindo. Enfim... Somente eu estou acordada.
          Bom... A noite é minha até o sol raiar.
          Huumm... Volto a olhar a hora...
          01h18min... Realmente a noite é longa... Parece que esticou numa imposição do tempo. Ligo o rádio tentando um entretenimento, mais novamente eu penso, só pode ser um complô, ouço a bela voz do locutor dizendo que a programação acabou. É... Enfim, estou mesmo sozinha, enquanto escuto a chuva forte lá fora. Todos dormem, até os animais, mas... E aí, por que estou acordada...? Sim, por que...? E o pior é que nem mesmo eu sei o por quê.
          Inda bem que eu tenho meu amigo papel e um lápis.
          Agora, 01h46min, vou ao computador, abro a minha página da net e lá deixarei o que aqui escrevi. Se alguém lerá...? Que importa... Pouco importa...!
          Ah... Agora é o computador... Tá lento... E a noite esticando... A hora...? 02h11min, mais agora não há pressa, a noite é minha.
          Vou à cozinha preparar um cafezinho, aguardando um melhor funcionamento do computador, não há pressa mesmo...
          A noite é longa...